Curiosidades sobre o vinho brasileiro

Se o seu único motivo para ir ao Brasil é brincar nas praias de areia branca e beber caipirinhas, pense novamente. Em vez disso, considere ir mais ao sul para a região vinícola brasileira da Serra Gaúcha, cerca de 375 milhas ao norte da fronteira com o Uruguai, em uma região montanhosa fria que se parece com o norte da Itália. Na verdade, esta região foi colonizada por imigrantes das regiões de Veneto e Trentadoc do norte da Itália na década de 1880 e, é claro, eles plantaram uvas e fizeram vinho. Esta região do Brasil também tem muitos restaurantes italianos excelentes, assim como churrascarias brasileiras para celebrar o fato de que se trata de fato gaúcho, ou país de cowboy brasileiro.

Recentemente fui convidado para visitar a região da Serra Gaúcha por uma semana pela Wines of Brazil, onde visitei uma variedade de vinícolas e provei mais de 140 vinhos. Lá eu aprendi alguns fatos divertidos e bastante surpreendentes sobre o vinho brasileiro:

1500 – Português: uvas para vinho foram trazidas para o Brasil pelos portugueses no ano de 1500, mas não prosperaram muito por causa do clima úmido do Rio de Janeiro. Posteriormente, importaram uvas Vitis Labrusca dos Açores, resistentes aos fungos, e utilizaram-nas para fazer vinho de mesa.

50% Suco de Uva: Devido ao grande número de vinhedos da labrusca, 50% da safra no Brasil é destinada à produção de suco de uva, que é feito de forma bastante natural e sem adição de açúcar.

1880 – Italianos: Foi só na década de 1880 que os imigrantes do norte da Itália se estabeleceram na parte fria do sul do Brasil, na região da Serra Gaúcha, que as uvas vitis vinifera foram plantadas novamente para fazer vinho de qualidade.

O vinho espumante é rei: devido ao clima frio, as uvas chardonnay e pinot noir prosperam e produzem alguns vinhos espumantes deliciosos usando o Méthode Champenoise, bem como o método charmant. O espumante representa 80% do mercado brasileiro de vinhos.

Moscato: Os brasileiros também gostam de vinho doce, por isso fazem Moscato semidoce e espumante doce, bem como vinhos tranquilos e de sobremesa com essa uva perfumada.

Experimentação com uvas vermelhas: agora outras regiões do Brasil estão começando a fazer vinho e fazer experiências com uvas vermelhas. Os destaques incluem Merlot, Marselan e Cabernet Franc no sul, e Syrah e Grenache no norte mais quente. Existem também muitos tipos de uvas vermelhas italianas usadas para produzir vinho brasileiro, como Teroldego e Ancellotta.

Seis grandes regiões vitivinícolas: Hoje, são cinco novas regiões vinícolas além da Serra Gaúcha. Eles são Campanha e Serra do Sudeste mais ao sul, e Planalto Catarinense e Campos de Cima de Serra um pouco mais ao norte. O Vale do São Francisco fica no extremo norte perto do equador, onde eles realmente têm duas safras por ano porque está muito quente.

Um DO e Quatro GI’s: Brazil está adotando o sistema europeu de qualidade de denominações, e reconheceu uma região DO (Dominação de Origem) chamada Vale dos Vinhedos. Foi aqui que se estabeleceram muitos dos primeiros imigrantes italianos, perto da cidade de Bento Gonçalves. Existem quatro IG’s (Indicador Geográfico) no entorno da DO: Pinto Bandeira, Monte Belo, Farroupilha e Altos Montes.
1.100 vinícolas e 79.000 hectares: Hoje o Brasil possui mais de 1100 vinícolas, muitas das quais são pequenos domínios familiares. A área total de vinhedos é de cerca de 195.000 ou 79.000 hectares de uvas.

Frescos, Frutados e Divertidos: Os vinhos brasileiros são produzidos com foco em mostrar a fruta e não usar muito carvalho. Os vinhos também são muito frescos, com maior acidez e menor teor alcoólico – mais semelhantes aos estilos do norte da Itália. Devido à ênfase no espumante, os vinhos brasileiros são usados ​​para celebrar e se divertir na vida – assim como a cultura brasileira.

Chegando à vinícola brasileira na Serra Gaúcha

O principal aeroporto da região vinícola da Serra Gaúcha é o Porte Alegre (POA). Há vários voos de conexão todos os dias partindo dos grandes aeroportos internacionais do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Cheguei ao Rio pela Delta Airlines e depois peguei a companhia aérea parceira, a GOL, para Porte Alegre – um vôo fácil de duas horas. Uma vez em Porte Alegre é necessário alugar um carro ou reservar um motorista para levá-lo até Bento Gonçalves, principal cidade da região vinícola da Serra Gaúcha. Na verdade, possui um acolhedor arco de barril de vinho e várias salas de degustação no centro da cidade, incluindo a Vinícola Aurora, que é a maior do Brasil. Bento Gonçalves é uma pequena cidade de cerca de 100.000 habitantes, com bons restaurantes, gente simpática, além de vinícolas e vinhedos ao redor. A cidade recebeu o nome de um líder militar brasileiro muito querido no sul do Brasil.

Hotéis e Restaurantes em Bento Gonçalves

Uma verificação rápida no TripAdvisor mostrará uma lista de mais de 30 hotéis, pousadas e alojamentos especializados na área. Fiquei cerca de 15 minutos fora da cidade no muito chique, mas acessível, Hotel & Spa do Vinho (ver foto acima). Tem um serviço excelente, é incrivelmente bonito e tem um bom restaurante e spa. Também está situado no meio dos vinhedos e do outro lado da rua de duas famosas vinícolas – Miolo e Lidio Carraro. Este é um local privilegiado para visitar as vinícolas, pois o hotel está situado no Vale dos Vinhedos, que significa Vale dos Vinhedos. É a primeira e única denominação DO no Brasil, e está rodeada por algumas das vinícolas mais antigas e prestigiadas.

Em termos de restaurantes, pude desfrutar de quatro restaurantes locais, todos excelentes:

Ipiranga Steakhouse – clássica churrascaria brasileira em ambiente casual com ótimas exibições de vinhos nas paredes. Cozinha aberta permitindo que você veja a carne na grelha – fascinante. A refeição começa com salada verde fresca (adorei as saladas do Brasil) e os bolinhos de pão de queijo “não para de comer”, que são uma especialidade local. Em seguida, espetinhos ininterruptos de carne são apresentados à mesa por garçons profissionais, com boi, frango, porco, cordeiro e até filé mignon inteiro em estacas (veja foto abaixo). Gostamos da refeição com uma boa garrafa de Casa Valduga Merlot, e a sobremesa foi uma pequena taça de espumante muscato doce chamado Cave Amadeu da Vinícola Family Geisse.

Restaurante Mamma Gemma – um restaurante italiano muito elegante com toalhas de mesa brancas e uma bela vista de um lago fora das grandes janelas panorâmicas. Excelentes pratos italianos chegam sem parar na mesa até que você não possa se mover. Fizemos o cardápio completo que inclui uma salada verde fresca (veja a foto abaixo) diversos pratos de massas diferentes, além de frango, carne bovina, peixe, pão de queijo brasileiro e sobremesa de sorvete de uva com uma pequena xícara de calda de chocolate chamado Brigadeiro (ver foto abaixo de).

Restaurante Casa Di Paolo – um restaurante casual de rede local com decoração simples e serviço amigável. O foco é a gastronomia ítalo-brasileira com massas e carnes que chegam à mesa sem parar, além de pães e saladas frescas. Também servem a deliciosa sopa de macarrão, que é uma especialidade da região (veja foto abaixo). Nós apreciamos o almoço com vinhos da vinícola Goes.

Restaurante Valle Rustico – este restaurante é o sonho de um gourmand com pequenos pratos artisticamente arranjados com ingredientes locais e orgânicos muito frescos. A equipe fornece uma explicação sobre cada prato quando o traz para a sua mesa e descreve os muitos vegetais e temperos exclusivos que são usados nos pratos. Vários incluem alimentos tradicionais, como um milho antigo, que estão tentando preservar. A decoração é bastante casual, situada em uma antiga casa de fazenda com vigas de madeira, antiguidades e pratos de cerâmica, mas o serviço e a comida são de qualidade de estrela Michelin. Um restaurante verdadeiramente único, com foco na culinária brasileira local – a não perder. Nós apreciamos a refeição com vinhos da Vinícola Don Guerino.

Vinícolas locais para visitar

Durante os 5 dias que fiquei em Bento Gonçalves, visitei 9 vinícolas, listadas abaixo. Cada uma dessas visitas será descrita em postagens separadas neste blog. A distância de carro do meu hotel variou de 2 a 45 minutos para chegar às salas de degustação da vinícola. Todas as minhas visitas foram organizadas como parte de uma viagem de negócios da Wines of Brazil. Há muitas outras vinícolas locais nas proximidades com placas amigáveis ​​informando que estão abertas para os turistas passarem e degustarem deliciosos vinhos brasileiros.

 

Tenho que admitir que uma das melhores partes de visitar a região vinícola brasileira foi ter a chance de provar alguns deliciosos vinhos espumantes – seu produto de vinho ícone. Perdi a conta quantas vezes por dia brindávamos um ao outro com um copo de bolinhas brasileiras! O Brasil é realmente a terra da diversão e da celebração – e seu vinho espumante é uma grande prova disso.

Publicado originalmente em: https://lizthachmw.com/winetravelstories/fun-facts-about-brazilian-wine/

 

Postado por sampavinho

Sampa Vinho acredita em um futuro onde os brasileiros vejam o vinho não só como uma opção de bebida, mas como um hábito cultural e de saúde. Um futuro onde o vinho possa ser apreciado em sua totalidade, dos ambientes mais refinados aos mais simples, oferecendo prazer e completude aos mais diversos paladares, de forma total, ampla e inclusiva.

Publicado em February 23, 2021

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